segunda-feira, 11 de abril de 2016

Religião Urbana


Dizer que meus heróis morreram de overdose não é apologia ao uso de substâncias ilícitas, ou mera citação de uma letra de Cazuza. Aliás, Cazuza também morreu de overdose: uso demasiado e desmedido de uma vida inconsequente. Mas acho que todos nós, em dado momento da vida, bebemos da droga da inconsequência. E ser inconsequente ou não não é a questao que aqui mais importa. A questão que mais importa é que meus heróis morreram e eu não pude vê-los. Meus heróis da música, aqueles que formaram minha cultura musical, e que de certa e grande forma influenciaram minha visão e opinião do mundo. Porque eu aprendi que o rock não é apenas um estilo musical, é uma ideologia. Ouvir Legião Urbana ao vivo foi emocionante, épico, nostálgico, uma viagem a um tempo que eu não vivi integralmente, mas que sou saudoso. São minhas raízes, minhas noções básicas e primárias daquilo que viria a ser meu gosto musical. Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá são os remanescentes responsáveis por manter acesa as brasas que nunca se apagam. Renato Russo não estava presente, mas apesar de morto sobrevive musicalmente através de canções que nunca são, nem serão enterradas. Renato Russo, a Legião Urbana, e todo o rock brasileiro sobrevive em meio a falência do bom e contra-cultural gosto pelo estilo que, acima de qualquer outro, contesta o incontestável. O rock sobrevive a overdoses sem fim, seja em Brasília, Memphis, Londres, Seattle, Piracicaba, e em qualquer outro lugar dos 27 cantos do mundo. Afinal de contas, a Legião Urbana, como eu e você, a tudo vence!




Andinho

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Pouco



Pouco são os laços crassos, laços inatos. Laços fartos e correlatos. Poucos são, poucos serão. Poucos perpetuam o terminável. Pouco é estável. Pouco falho, pouco atalho, pouca conexão de amor fraterno. Pouco eterno.
No pouco de muito tudo eu sou assim resumido, contado como gota de chuva nenhuma. Espaço escasso. Meus elos são quebráveis, minha paz é temporária. Sou suicida, homicida da minha própria razão. Sou coração de lata, ou lata de opnião. Sou minha própria contradição. Sou briga comigo mesmo, inimigo interno. Sou meu próprio tutor paterno e me privo do que mais quero. Porque não sou insano nem sou maluco, ou sou normal como um louco. Sou pouco, muito pouco.






Andinho

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Não é você, sou eu



Clichesismo. Paradoxalmente falando, a minha vida é um ciclo repetido de coisas novas. Museu velho. A minha mente palpita pelo absurdo da repetição. Não é você, sou eu. É essa minha cabeça antiga que se afasta do de sempre.
Amo amar a liberdade que me prende. Quero ser livre como um preso e quero estar preso na minha liberdade. Sou eu. Que não sei, que não quero, que não admito, que não aceito, que não sei o que quero admitir aceitando.
Desenhar uma vida que se quer ter, esboçar um rascunho em aquarela. Borrar, rasurar, rasgar, jogar. Minha vida é um quadro sem pendurar e um ensaio que não estreia. É o ter e não ter. Minha vida sou eu, minha vida é você. Minha vida é um paradoxo clichê.







Andinho