quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Debaixo da ponte


Viver a juventude é como ficar bêbado com o álcool da eternidade. Parece que somos inatingíveis, imortais, e nossa intrepidez é tamanha o bastante ao ponto de cegar nossa visão e nos fazer pensar que andaremos por cima da ponte infinitamente.
Há uma rua feia e desolada, porém, que está abaixo de nós e que causa um grande incômodo a quem a observa. Por esta rua escura e sombria caminhará muitos de nós, crianças, jovens e velhos.
Nossa vida é curta e passageira, infelizmente. A morte vem quando menos esperamos. É desagradável, uma piada sem graça da imperfeição humana. Um rabisco idiota na beleza da nossa vida. Uma agressão ao ideal de toda criatura que respira.
Mas apesar de todos os seus pesares e desagrados, trás lições que merecem ser levadas a sério caso você queira se confortar e nutrir alguma esperança.
Quando eu partir, me desligar, me desnudar do espírito que faz meu coração bater, penso na lembrança que deixarei. Quero ser lembrado como uma pessoa boa, e não como um animal imbecil. Pelo amor, pelas boas obras, pelas boas ações que me farão merecer voltar. Ser bem lembrado principalmente por Aquele que me dá a vida, que com boa vontade pode dar de volta o sonho da eternidade a todos aqueles que a merecem.
Meus amigos e familiares amados que morrem me trazem a sensação do bem, por mais coisas ruins que talvez tenham feito. Talvez porque a morte seja justamente isso: o valor final que pagamos pelos erros cometidos. A morte perdoa e santifica a todos.
É um perdão desgraçado, mas certeiro.
Das pessoas queridas que se foram resta apenas se despedir e deixar que adormeçam tranquilamente no seio da serenidade do perdão e amor divino.
E que no solo que dormires e finalmente voltares, se acomodes no perfume das flores e no calor do sol que brilha aos que, com um coração correto, caminham por cima de pontes estreitas que conduzem finalmente a um paraíso feliz e pacífico.
Durma em paz, meu irmão!






Andinho