domingo, 4 de julho de 2010

Cada volta é um recomeço

Havia um tempo que eu gostava de fazer músicas. Sempre tive esse ímpeto criativo, mesmo antes de saber tocar violão ou qualquer instrumento musical. Me divertia fazendo uns barulhos quaisquer em um teclado velho que eu tinha. Quando aprendi a tocar violão melhorou um pouco.
Certa vez, fiz uma música que começava com uma frase que dizia: "Cada volta é um recomeço..."
Preciso dizer que, depois de tantos anos, quando revejo todas as coisas que escrevia ou mesmo as tais músicas, considero a maioria como uma coisa boba e idiota.
Mas dizer que "cada volta é um recomeço" talvez tenha mais importância para mim hoje do que em qualquer outra época.
Nesse momento estou pensando sobre o que mais me impressiona: a busca sem fim por começos e recomeços ou as capacidades que perdemos ao longo do tempo.
Antes eu escrevia músicas, poesias, textos criativos e bem elaborados. E hoje simplesmente não consigo mais fazer isso. Antes eu jogava futebol muito bem, e nem isso eu consigo mais fazer direito. Nem mesmo meus olhos enxergam tão bem quanto antes.
Qual é o contrário de evolução?
Existe uma falha naquela teoria. Assim como existe uma falha nas minhas pretensões. Enquanto sinto falta de um sorvete de flocos que se compra na sorveteria do bairro numa tarde de domingo, vivo a minha inexistência rodeado de pessoas que ignoram minha visibilidade. Talvez aquele desejo de criança de se tornar o homem invisível esteja sendo realizado hoje.
Os desejos de hoje são um pouco mais possíveis. Como a mudança, a partida, a fuga, o sumiço, a viagem pela nova possibilidade, pelo velho mundo, pelo espaço em branco.
São muitas possibilidades. Afinal, cada volta é um recomeço, e existem vários recomeços. O comportamento do "pós" dependerá de um estado de espírito tão previsível quanto possivelmente surpreendente.
Minha teoria sobre isso? Não sei. Ando sem criatividade para dizer algo sobre isso, e minha vista está um pouco cansada.




Andinho