segunda-feira, 11 de abril de 2016

Religião Urbana


Dizer que meus heróis morreram de overdose não é apologia ao uso de substâncias ilícitas, ou mera citação de uma letra de Cazuza. Aliás, Cazuza também morreu de overdose: uso demasiado e desmedido de uma vida inconsequente. Mas acho que todos nós, em dado momento da vida, bebemos da droga da inconsequência. E ser inconsequente ou não não é a questao que aqui mais importa. A questão que mais importa é que meus heróis morreram e eu não pude vê-los. Meus heróis da música, aqueles que formaram minha cultura musical, e que de certa e grande forma influenciaram minha visão e opinião do mundo. Porque eu aprendi que o rock não é apenas um estilo musical, é uma ideologia. Ouvir Legião Urbana ao vivo foi emocionante, épico, nostálgico, uma viagem a um tempo que eu não vivi integralmente, mas que sou saudoso. São minhas raízes, minhas noções básicas e primárias daquilo que viria a ser meu gosto musical. Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá são os remanescentes responsáveis por manter acesa as brasas que nunca se apagam. Renato Russo não estava presente, mas apesar de morto sobrevive musicalmente através de canções que nunca são, nem serão enterradas. Renato Russo, a Legião Urbana, e todo o rock brasileiro sobrevive em meio a falência do bom e contra-cultural gosto pelo estilo que, acima de qualquer outro, contesta o incontestável. O rock sobrevive a overdoses sem fim, seja em Brasília, Memphis, Londres, Seattle, Piracicaba, e em qualquer outro lugar dos 27 cantos do mundo. Afinal de contas, a Legião Urbana, como eu e você, a tudo vence!




Andinho