terça-feira, 1 de setembro de 2009

Quatro





Embora eu não conheça muito bem o vôo dos pássaros, ou a complexa navegação dos barcos que viajam distâncias incríveis em jornadas diversas.
Poucos ou muitos, as pessoas que se acumulam e se juntam como aves ou meios de locomoção tem a incrível capacidade de andarem tão longe quanto querem ou desejam continuar. E não há céu que exista, e nem ventos que resistam à suave intuição de seguir o mais provável. E ir, apenas isso.
É claro que já não tenho a mesma certeza sobre seu rosto, ou sobre sua aparência e aparelho nos dentes. Nem mesmo posso dizer se ainda pinta quadros, ou se levou adiante as aulas de inglês.
A única certeza que tenho (e poucas tenho), é que o primeiro andar da minha vida continuará por um certo tempo com essa música de elevador quebrado que claramente me faz lembrar de dias frios e chuvosos que por fim se encerraram em uma única tarde do mês de julho (onde o destino não previu).
Não queria gastar minhas horas nesse roteiro repetido, mas é que algumas imagens sonoras fazem seu nome vagar na minha mente, assim, circunstancialmente.
Então eu lembro que a capa está em branco. E não há título, nem qualquer outra expressão que determine sua identidade. Apenas um número. Uma sigla. Uma referência discreta que me leva a descer dos ares por onde me perco e mergulhar nas profundas águas do meu eterno esforço para lembrar. Condicionalmente.








Andinho

Um comentário:

  1. Uma referencia discreta que me leva a descer dos ares por onde me perco a mergulhar nas profundas aguas do meu eterno esforço para lembrar.... poeta classico, com essencias rusticas e ao mesmo tempo modernas...adorei!!!!

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